Nuvens impedem observação da Amazônia em dezembro
Os últimos números de 2009 referentes ao sistema de detecção do desmatamento em tempo real (Deter), baseado em satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), apontam 247,6 km² de desmatamentos por corte raso ou degradação progressiva na Amazônia Legal.
O número representa a soma de 175,5 km² detectados em outubro e 72,1 km², em novembro. A intensidade de nuvens na região amazônica no mês de dezembro não permitiu a observação por satélites no período.
Em função da cobertura de nuvens variável de um mês para outro e, também, da resolução dos satélites, os dados do Deter não representam uma avaliação fiel do desmatamento mensal da Amazônia. Pelo mesmo motivo, os técnicos do Inpe não recomendam a comparação entre dados de diferentes meses e anos.
O sistema Deter
Em operação desde 2004 o sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) é um instrumento de alerta para suporte à fiscalização e controle de desmatamento. Embora os dados sejam divulgados em relatórios mensais, os resultados são enviados a cada quinzena ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável por fiscalizar as áreas.
O sistema indica tanto áreas de corte raso, quando os satélites detectam a completa retirada da floresta nativa, quanto áreas classificadas como degradação progressiva, que revelam o processo de desmatamento na região.
Com o Deter é possível detectar apenas polígonos de desmatamento com área maior que 25 hectares por conta da resolução dos sensores espaciais (o Deter utiliza dados do sensor Modis do satélite Terra e do sensor WFI do satélite sino-brasileiro Cbers, com resolução espacial de 250 metros). Devido à cobertura de nuvens, nem todos os desmatamentos maiores que 25 hectares são identificados pelo sistema.
Contudo, a menor resolução dos sensores usados pelo Deter é compensada pela capacidade de observação diária, que torna o sistema uma ferramenta ideal para informar rapidamente aos órgãos de fiscalização sobre novos desmatamentos. Todos os dados do Deter são públicos e podem ser consultados no site www.obt.inpe.br/deter
Avaliação
Além de atestar as informações, a qualificação amostral dos dados do Deter, feita com imagens de melhor resolução espacial, serve para apontar os diferentes níveis de degradação da floresta.
A avaliação de outubro mostra que 95% da área correspondente aos alertas foi confirmada como desmatamento. Os alertas indicaram principalmente desmatamentos por corte raso (81%) e por degradação florestal de intensidade alta (10%).